A frenagem é, certamente, um dos atributos mais importantes para a direção de um carro. Por isso, conhecer e entender mais a fundo os diferentes sistemas que desempenham essa função — como freio hidráulico e mecânico — é essencial para quem presta serviços automotivos.
Hoje, devido aos avanços tecnológicos, os veículos estão saindo de fábrica cada vez mais complexos. E assim, exigindo ainda mais conhecimento e experiência por parte dos mecânicos. Diante dessa realidade, preparamos este artigo para falar um pouco mais sobre o sistema de freio hidráulico. Uma vez que ele está presente na grande maioria dos veículos.
A seguir, esclarecemos seu funcionamento, quais os seus componentes e como é possível diagnosticar falhas nele. Continue a leitura e aprenda mais sobre o assunto!
Como funciona o freio hidráulico?
Todos os dispositivos hidráulicos podem ser compreendidos de acordo com o princípio de Pascal. O conceito explica que a pressurização sobre um líquido é distribuída uniformemente em todas as partículas desse fluido. Por meio desse princípio, se pode afirmar que os líquidos apresentam a capacidade de transferir força.
Esse mesmo princípio explica parcialmente o funcionamento dos freios hidráulicos. Nesse tipo de sistema, existem estruturas tubulares, as quais são preenchidas com um fluido específico. Os mais comuns são: lubrificantes sem características corrosivas. Esses tubos, na prática, servem como meio para direcionar o fluido, transferindo a força de um ponto a outro.
Especificamente nos freios hidráulicos, existe um sistema denominado hidrovácuo. Ele é responsável por interpretar a pressão exercida ao se acionar o pedal de freio. E por transferir a intensidade ao cilindro mestre, que, por sua vez, pressionará o fluido nos tubos, acionando as pinças e realizando a frenagem.
No entanto, o sistema hidráulico está associado a diferentes mecanismos de frenagem do veículo, como é o caso do freio a disco e o tradicional freio a tambor. Esses dois tipos de freio também funcionam por acionamento hidráulico, porém, de maneiras diferentes. Vejamos!
O acionamento hidráulico no freio a disco
Nos veículos equipados com o freio a disco, o acionamento hidráulico do sistema é feito da seguinte forma:
- você pisa no pedal;
- o hidrovácuo “lê” a intensidade do seu pisar, transferindo igual força ao cilindro mestre;
- ocorre a pressão do fluido nos tubos, movimentando os pistões;
- os pistões apertam as pastilhas do freio, que abraçam o disco;
- ocorre a desaceleração.
O acionamento hidráulico no freio a tambor
Embora o acionamento hidráulico do freio a tambor tenha algumas semelhanças com o do freio a disco, existem diferenças que merecem ser destacadas. Confira como a frenagem ocorre no freio a tambor:
- você pisa no pedal;
- o hidrovácuo “lê” a intensidade do seu pisar, transferindo igual força ao cilindro conectado aos pistões;
- a pressão é transferida dos pistões para duas lonas;
- as lonas abraçam duas sapatas;
- por fim, as sapatas comprimem um tambor metálico;
- ocorre a desaceleração.
Como você pôde notar, tanto no freio a disco como no freio a tambor, todo o funcionamento depende de uma transferência de força realizada pelo sistema hidráulico. Essencialmente, a engenharia hidráulica é o que permite que se converta um ato biomecânico — a pisada no pedal — em força para acionar os freios do veículo. Fazendo assim, com ele desacelere.
Qual é a diferença entre o freio hidráulico e o freio mecânico?
Essa é uma das dúvidas mais comuns quando o assunto envolve sistemas de freio. Porém, ela é relativamente fácil de ser resolvida, já que um freio hidráulico é bastante diferente de um freio mecânico. Para comprovar isso e esclarecer melhor as distinções, falaremos de cada um deles separadamente. Confira!
Freio hidráulico
A principal característica desse tipo de freio é a utilização de um fluido como mecanismo de acionamento do sistema. Ou seja, ao pisar no pedal, a força exercida pelo motorista é transferida pelas tubulações e mangueiras do circuito, chegando aos discos e tambores de freio.
No freio hidráulico, então, não existem cabos conectando o pedal aos discos e sapatas. Graças às propriedades dos fluidos, a força exercida lá no pedal pode ser amplificada e transferida ao sistema de freio. Realizando assim, a frenagem de maneira muito mais confortável e eficiente.
Como visto, existem diferentes componentes trabalhando em conjunto para que o fluido seja pressurizado e exerça uma força maior. Mesmo quando o motorista aciona o pedal de forma leve.
Freio mecânico
O freio mecânico, diferentemente do hidráulico, não utiliza nenhum tipo de fluido para transferir a força exercida pelo motorista sobre o pedal até os discos. Nesse tipo de freio, como o próprio nome já indica, a força de acionamento é transferida mecanicamente, por meio de cabos e alavancas.
Atualmente, o freio mecânico é uma tecnologia pouco utilizada no sistema de serviço dos carros, pois está mais sujeito a desajustes. Sem contar que seu acionamento é mais pesado, ou seja, menos confortável para quem dirige.
No entanto, esse sistema ainda está presente no tradicional freio de mão, o qual é comumente acionado por uma alavanca posicionada atrás do câmbio. Ao puxá-la, o que acontece é que um cabo de aço conectado às sapatas é tencionado, pressionado as lonas contra o tambor e, portanto, fazendo a frenagem independentemente de qualquer sistema hidráulico.
Quais são as vantagens do freio hidráulico?
O freio hidráulico é o mais comum nos veículos da atualidade. Isso tem um motivo. Na prática, esse tipo de sistema agrega uma série de vantagens, especialmente em relação aos freios mecânicos. Confira as principais delas a seguir!
Conforto no acionamento
Freios hidráulicos, em geral, são muito mais leves do que os freios mecânicos, por exemplo. Isso significa que, para realizar a frenagem, o motorista precisa exercer uma força bem menor, já que existem outros componentes no sistema que o auxiliam no processo, como o servo de freio.
Maior eficiência
Como os freios hidráulicos funcionam a partir da pressão exercida pelo fluido, auxiliado pelo servo de freio e pelo cilindro mestre, a eficiência na frenagem é uma das suas maiores vantagens.
Esse tipo de sistema é extremamente responsivo, de forma que o mínimo movimento no pedal já é capaz de acionar os freios, fazendo a frenagem na medida e com a precisão desejada.
Além disso, como dito, o sistema de freio hidráulico é capaz de ampliar a pressão exercida no pedal. Na prática, isso significa que o motorista não precisa colocar uma grande força para que o sistema freie completamente, como em uma situação de emergência.
Menor necessidade de manutenções
O freio hidráulico é um sistema altamente robusto e confiável. Por ter um circuito de tubulações e mangueiras que é vedado, ele tende a manter a sua performance ao longo do tempo, exigindo manutenções com menor regularidade.
Ao contrário do freio mecânico, cujos cabos podem sofrer com folgas, rompimentos, oxidação e outros problemas, o freio hidráulico não está sujeito a esse tipo de falha. O fluido conserva as suas características por um longo período, assim como os demais componentes do sistema conseguem apresentar uma alta durabilidade — desde que as manutenções sejam feitas adequadamente.
Por que é importante fazer a manutenção do freio?
Por se tratar de um dos sistemas mais importantes de qualquer veículo, a manutenção do freio é algo que deve ser encarado com total atenção dentro das oficinas. O profissional da área mecânica precisa priorizar esse sistema, verificando sempre as suas condições e orientando o proprietário do veículo sobre a necessidade de reparos.
De forma geral, estar atento ao freio, seja ele hidráulico ou mecânico, é essencial para garantir o uso seguro do veículo. Além disso, uma manutenção preventiva nesse sistema é o ponto de partida para se aumentar sua durabilidade e a eficiência dos componentes e para reduzir os custos corretivos.
Como fazer a manutenção do freio hidráulico?
Embora o freio hidráulico seja muito robusto e confiável, isso não significa que esse sistema não necessite de manutenção. Na verdade, assim como qualquer outro componente do veículo, é preciso realizar alguns cuidados periódicos e preventivos para manter os freios sempre em bom estado.
Entre as medidas essenciais para a manutenção do freio hidráulico, é possível citar as seguintes. Confira!
Substituição do fluido de freio
Com o passar do tempo, o fluido perde a sua viscosidade e algumas das suas propriedades. Esse é um processo natural, mas que pode variar conforme a sua composição e em razão das condições do sistema hidráulico.
Por esse motivo, é fundamental fazer a substituição periódica do fluido de freio, seguindo as orientações do fabricante do veículo. Em regra, essa troca deve ser feita a cada 10 mil quilômetros ou em até dois anos.
Limpeza periódica do sistema
Em certos casos, resíduos acabam sendo gerados e acumulados no circuito hidráulico. Esse fato pode dificultar a passagem do fluido, prejudicando a frenagem. Nesse caso, o mais recomendado é sempre fazer uma limpeza na hora de substituir o fluido.
Ao fazer a sangria do sistema, aproveite para higienizá-lo antes de colocar o fluido de novo. Assim, você garante que ele não será contaminado com resíduos e impurezas que estavam dentro das tubulações.
Verificação de vazamentos
O perfeito funcionamento do freio hidráulico depende da completa vedação do sistema. Do contrário, o fluido pode vazar e reduzir a pressão interna nos tubos, prejudicando diretamente a capacidade de frenagem.
Por essa razão, é indispensável fazer uma checagem visual minuciosa em toda a extensão dos tubos e mangueiras, verificando se não existem vazamentos ou pontos de oxidação que, no futuro, podem evoluir para furos.
Como diagnosticar falhas no freio hidráulico?
Os freios hidráulicos são vistos como componentes de diagnóstico complicado, mas não impossível. Por isso, elaboramos um apanhado com as principais falhas relacionadas a esse sistema de frenagem.
Para facilitar a visualização prática de cada uma no cotidiano da sua oficina, agrupamos as reclamações mais comuns dos motoristas. Apenas pelo testemunho do seu cliente, você terá uma rápida percepção do que pode ser. Confira!
“O freio não responde apropriadamente!”
Se o proprietário der sinais de que a frenagem não está tão eficiente como foi outrora, fique esperto e faça uma inspeção focando os seguintes componentes:
- se há vitrificação ou contaminação (graxa, óleo, detritos etc.) nas lonas e/ou pastilhas;
- se os êmbolos (cilindro mestre, de roda e pinça) estão emperrados;
- se as mangueiras ou tubulações estão obstruídas;
- se há vazamento de fluidos (externo ou interno);
- sendo um freio a tambor, se está desajustado.
“O pedal do freio está muito duro!”
Nesses casos, verifique se há:
- emperramento na articulação do pedal, no interior da cabine;
- emperramento do cilindro mestre ou de roda ou na pinça;
- obstrução em mangueiras e/ou tubulações;
- vitrificação das lonas e pastilhas.
“O pedal do freio está com um curso muito longo!”
Essas situações abrem mais possibilidades. Por isso, nesses casos, é bom ter o olho atento:
- à utilização de fluidos de baixa qualidade e/ou com água no interior das estruturas tubulares;
- a todo tipo de vazamento, seja dentro, seja fora do sistema hidráulico;
- a flexíveis desgastados, que se dilatam sob pressão;
- a se o tambor de freio é de dimensões inadequadas;
- a folgas nas conexões da alavanca do pedal;
- a lonas e pastilhas do freio mal alojadas;
- à existência de ar no sistema hidráulico.
“O pedal trepida sempre que acionado!”
Isso pode ser comum em veículos com o sistema ABS (antiblocante), que, para garantir melhor aderência, dosa a frenagem com microinterrupções, as quais são sentidas como trepidações no pedal. Esse sintoma pode ser ignorado em veículos equipados com essa tecnologia.
Em carros que não dispõem do ABS, isso pode significar que:
- as pistas de frenagem, seja no disco, seja no tambor, apresentam irregularidades ou sulcos;
- os discos de freio não estão com as pistas corretamente posicionadas;
- as lonas e pastilhas apresentam superfícies irregulares;
- o tambor de freio está com desgaste avançado.
“Sinto que o carro está puxando para um lado!”
É importante ressaltar que esse pode ser um problema com solução apenas na geometria, no alinhamento ou no balanceamento. Portanto, não necessariamente representa uma falha no sistema de freios.
Todavia, se o sistema hidráulico for o responsável pelo sintoma, pode ser que:
- os discos ou tambores de um mesmo eixo apresentem espessuras desiguais, desarmonizando o movimento do carro;
- as lonas e pastilhas sejam de diferentes tipos ou estejam em diferentes estados de conservação;
- as lonas e pastilhas estejam contaminadas por graxa, óleo etc.;
- as mangueiras e/ou tubulações estejam obstruídas;
- a regulagem dos freios a tambor seja desarmônica.
“Sinto a roda presa!”
Recebendo esse testemunho, não perca tempo e observe se:
- as sapatas ou os cabeamentos do freio estão com um ajuste muito sensível;
- o tambor sofreu ovalização;
- o flexível está danificado, o que impede a suavização da pressão no freio, ancorando o carro ao solo;
- as molas do freio a tambor estão desgastadas ou rompidas;
- os êmbolos estão emperrados.
É óbvio que as demandas do cotidiano nem sempre seguirão um padrão lógico. Você continuará tendo desafios ao consertar o sistema de freio hidráulico. No entanto, é preciso concordar que fica mais fácil diagnosticar falhas depois de ler esta cartilha, não é mesmo?
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