
Revisão para viagens longas: guia para ler antes de pegar a estrada
Suas férias estão próximas e você já está se preparando para fugir da cidade e aproveitar seu tempo de descanso com a família e os amigos? Nada mais justo para quem trabalhou o ano inteiro, certo? Mas, antes de pegar a estrada, é essencial fazer uma revisão para viagens longas, conferindo se a manutenção do seu carro está em dia.
Afinal, para poder curtir o passeio é preciso relaxar. Ninguém espera ter que lidar com um veículo quebrado ou, pior ainda, envolver-se em um acidente durante seu trajeto. Pois, além de serem situações perigosas, elas comprometem a viagem, custam caro e consomem um tempo precioso, que poderia ser desfrutado em algo mais divertido do que uma excursão de guincho — ou ambulância.
Portanto, para que você evite dores de cabeça e aproveite suas férias com tranquilidade, preparamos este post como um guia para a revisão do seu automóvel. Continue a leitura e veja o que é preciso!
A importância da revisão para viagens longas
Geralmente, as pessoas passam dias, semanas ou até mesmo meses planejando suas viagens de férias. Escolhem as cidades, os pontos turísticos, os hotéis e os trajetos que farão para poder usufruir da melhor maneira possível cada minuto do seu tempo de descanso.
Mas, em muitos casos, se esquecem de cuidar da manutenção preventiva do veículo. Só entenderão a importância dela quando pegarem um engarrafamento e o motor superaquecer, precisarem dos freios e eles falharem ou quando o mau funcionamento de algum componente forçar uma parada no acostamento. Nessas situações, já terá sido tarde demais.
A revisão como prevenção de acidentes e quebras
Se nas cidades um carro quebrado causa transtorno, piora o trânsito e aumenta o estresse, a situação se torna mais perigosa em uma estrada. Os fatores que contribuem para isso são:
- veículo mais pesado com as bagagens e pessoas;
- crianças e familiares como passageiros;
- altas velocidades;
- lugares distantes dos serviços de socorro;
- imprudência e imperícia de outros motoristas.
Assim, um problema em um componente pode comprometer a direção do veículo ou dificultar a reação do condutor a algum perigo que surja no trajeto. Em uma estrada, essa situação leva facilmente a um acidente com resultados muito ruins.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aumento de velocidade média de um trecho em apenas 1km/h eleva em 3% a possibilidade de acidentes de trânsito com lesões e em 5% a de fatais.
Além disso, segundo o Departamento de Trânsito do Reino Unido, ao passar de 64km/h para 96km/h (aumento de 50% na velocidade), a distância média de frenagem — espaço necessário para que o veículo pare completamente — mais do que dobra, indo de 36 metros para 73 metros.
Nesse cenário, é preciso que todos os componentes do seu automóvel estejam funcionando perfeitamente para que, no caso de uma necessidade durante sua viagem, possam ser acionados e agir com o máximo de eficiência.
Por outro lado, a falta de manutenção no veículo influencia em cerca de 30% dos acidentes de trânsito e triplica o risco de que aconteçam. Dessa forma, fazer revisões regulares e, especialmente, antes de cair na estrada, é a melhor maneira de manter a segurança de sua viagem.
A revisão como forma de economizar
Mas não é só para a segurança que a manutenção preventiva no seu automóvel contribui. Ela também é, no mínimo, 40% mais barata do que esperar um problema aparecer para consertá-lo. E é fácil entender o motivo.
Como a mecânica de um carro é um tanto complexa, com suas peças e sistemas trabalhando em conjunto, uma falha em um componente sempre compromete outros. Isso ocorre porque eles são forçados a compensarem a falta do item quebrado, tanto mecanicamente quanto pela ação do sistema eletrônico do veículo (injeção eletrônica).
Ainda, se as revisões tornam o veículo mais seguro — como pudemos ver acima —, elas ajudam a evitar despesas médicas e prejuízos materiais causados por colisões ou outros tipos de acidentes de trânsito.
Portanto, não é à toa que as montadoras ressaltam em seus manuais a importância da manutenção preventiva periódica e da revisão para uma viagem longa. Se você quer sair de férias com tranquilidade e segurança, confira no tópico a seguir nossas dicas de quais itens merecem mais atenção e como verificá-los.
Itens a serem revisados
Como foi demonstrado, a segurança e a economia de sua viagem estão diretamente ligadas à manutenção do carro. Dessa forma, fazer uma revisão completa no veículo antes de pagar a estrada é fundamental para que você possa aproveitar suas férias com tranquilidade.
Assim, consulte o manual do proprietário elaborado pela montadora do automóvel para conhecer as particularidades do seu modelo. Essa atitude é interessante, também, para conhecer os cuidados recomendados para uma direção defensiva. Tirados dos testes oficiais realizados pela fabricante, eles auxiliam a reduzir os riscos na condução do veículo e a aumentar a vida útil de seus componentes.
Outra precaução importante é utilizar peças de reposição originais, especialmente em partes de segurança, como os sistemas de freios, embreagem e suspensão. Apesar de serem um pouco mais caras, elas duram mais do que as paralelas e têm parâmetros de eficiência e dimensões ideais para o bom funcionamento do modelo do seu carro, saindo mais em conta em longo prazo.
Dito isso, falaremos agora sobre os itens mais importantes para uma revisão antes de uma viagem longa. Também daremos dicas do que pode ser feito por você e quais serviços devem ser realizados por profissionais em uma oficina de confiança. Portanto, continue a leitura!
Óleo do motor e filtro
O óleo lubrificante do motor é um dos itens mais importantes em uma revisão de rotina de um veículo. Afinal, tem a função de permitir que partes como os pistões dentro dos cilindros trabalhem juntas com o mínimo de atrito possível.
Assim, ajuda a reduzir o gasto de energia — e, portanto, o consumo de combustível — necessária para fazer o motor funcionar, inclusive, facilitando a partida a frio. Também auxilia a manter a temperatura do motor no nível ideal.
Mas suas funções não param por aí. Serve, ainda, para limpar o interior do motor, retirando poluição e resíduos metálicos, por exemplo, que se soltam naturalmente das partes mecânicas.
Para conferi-lo, abra o capô e retire a vareta. Limpe-a, com uma flanela ou papel toalha, observando se não há borras ou detritos metálicos no óleo que ficou da limpeza. Caso haja, é bom passar em um mecânico para conferir se o motor não está trabalhando com excesso de atrito.
Se não houver nada de anormal, reintroduza a vareta até a posição original. Saque-a novamente e, agora sim, confira o nível do óleo. Ele deve estar entre as marcações de mínimo e máximo.
É importante que essa verificação seja feita com o carro frio (depois de, pelo menos, 15 minutos parado) e em local plano. Ou seja, jamais faça essa verificação em um posto de combustível, pois o nível sempre estará mais baixo. Afinal, o óleo foi puxado do cárter e está ainda nas câmaras do motor, demorando um pouco para descer de volta.
No mais, troque o óleo de acordo com a indicação da montadora do veículo no manual do proprietário. Aproveite também para trocar o filtro, para que o lubrificante novo não seja contaminado com impurezas do antigo.
Pneus
Outro item essencial para a segurança e o conforto (além da economia) da viagem é o jogo de pneus. Sua integridade influencia diretamente na eficiência energética do carro, na capacidade de frenagem e na aderência ao solo, evitando derrapagens.
Além disso, a explosão de um pneu em alta velocidade pode causar um acidente gravíssimo, com perda de controle do carro e até capotagem. Por isso, o acompanhamento das condições dos pneus deve ser periódico.
Primeiramente, os sulcos da banda de rodagem (parte que toca o solo) não podem estar muito rasos. O famoso “pneu careca”, além de perigoso — uma vez que reduz sua aderência ao solo —, é considerado infração grave pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Para saber se seus pneus estão bons e dentro do que manda a legislação, utilize os marcadores TWI, pequenas lombadas dentro dos frisos. O desgaste da banda de rodagem não pode alcançar a altura desses marcadores. Aproveite, também, para conferir toda a borracha dos pneus, procurando por rachaduras, buracos, bolhas ou desbastamento irregular.
Outra medida importante é a calibragem. Veja no manual do proprietário a pressão ideal para cada pneu e calibre-os, preventivamente, uma vez por semana. Esse serviço costuma ser oferecido de graça pelos postos de combustível. Mas faça isso logo ao sair de casa. Depois de rodar muito, a temperatura do ar dentro dos pneus fica maior, modificando a leitura de pressão.
Bateria
Baterias mais antigas exigiam uma complementação de seus reservatórios de água (que devia ser destilada, própria para a função) de tempos em tempos, pois seus níveis diminuíam por causa da evaporação. Hoje em dia, com as modernas baterias seladas, isso não é mais necessário.
Entretanto, não é porque a manutenção ficou mais simples que ela deve ser ignorada. Um acumulador (como também é chamada a bateria automotiva) sofre com os efeitos do tempo e com a ação da umidade do ar, que oxida os terminais, podendo fazê-los perder eficiência e até estragar a bateria inteira.
Assim, para evitar a corrosão, é preciso limpar os terminais e lubrificá-los. Faça isso com o carro desligado e frio. Desconecte os dois cabos com uma chave inglesa, começando pelo polo negativo. Geralmente, há uma marcação na bateria ou um lacre vermelho sobre o positivo. Marque bem qual cabo corresponde a cada posição.
Depois, limpe os terminais dos cabos e do acumulador com uma palha de aço. Passe neles um pouco de graxa, somente para criar uma camada protetora. Reconecte os cabos, na sequência inversa: primeiro o positivo, depois, o negativo. Tome cuidado para não inverter os polos. Aperte os conectores com a chave inglesa até que fiquem firmes, mas sem forçá-los demais.
Cabos e velas
Os cabos e velas de ignição são responsáveis por levar a corrente elétrica até os cilindros e a transformar a centelha que dá ignição na mistura ar-combustível. Assim, se estiverem falhando, o motor perderá eficiência, consumirá mais combustível e pode vir a morrer no meio de um trajeto.
Portanto, se seu veículo está apresentando um giro irregular do motor, se demora para a aceleração fazer efeito ou se está balançando muito quando ligado, leve-o a um mecânico para conferir os cabos e as velas. Caso não tenha percebido nenhuma irregularidade, faça uma inspeção visual antes de viajar.
Confira se não há ressecamento no isolamento dos cabos e veja se os terminais estão conservados, sem oxidação. Os cabos e as velas são componentes relativamente baratos. No entanto, podem causar muitos transtornos se não funcionarem direito. Dessa forma, ao notar algo estranho, peça para seu mecânico de confiança trocar as peças por novas e de qualidade.
Fluido de arrefecimento
O fluido de arrefecimento deve ser sempre acompanhado, pois tem uma importância enorme para o funcionamento e a vida útil do motor, mantendo-o em uma temperatura de trabalho ideal para melhorar a combustão e, ao mesmo tempo, evitar que suas peças derretam.
A chamada água de radiador é, na verdade, uma solução de água destilada com um aditivo específico, que a impede de entrar em ebulição, de corroer as partes metálicas e de ressecar as vedações do motor.
Normalmente, não é preciso nenhuma manutenção. O sistema é selado, o que dificulta a perda de líquido. Porém, em alguns casos, é normal haver uma redução no nível do fluido, pois o vapor pode sair por microfissuras.
Além disso, se houver um vazamento, dificilmente será notado por uma poça no chão, pois é provável que só escape água quando o sistema estiver trabalhando em determinada pressão. Assim, o motor estará quente, e o líquido que vazar vai evaporar quase que instantaneamente.
Portanto, mantenha uma atenção especial ao nível do reservatório. Com o motor frio, veja se o fluido está entre os limites de mínimo e máximo indicados.
Correia dentada
A correia dentada é a peça que sincroniza as aberturas e os fechamentos das válvulas dos cilindros aos movimentos do virabrequim. Uma falha nesse item tem um impacto tão forte que pode chegar a quebrar e deformar as peças metálicas do motor.
Sendo assim, não dá para deixar de fazer uma revisão nesse componente. Como não é possível saber sua real condição só pelo olhar, é preciso desmontar o conjunto em uma oficina mecânica para conferi-lo.
Até porque suas polias e tensores também devem ser verificados quanto ao estado de conservação e regulagem. Caso haja alguma peça com ruído, rachaduras ou ressecamento, solicite a troca para seu mecânico.
Embreagem
O sistema de embreagem é o responsável por desacoplar a caixa de câmbio do giro do motor para que as marchas possam ser trocadas com suavidade. Ele tem uma vida útil relativamente longa, passando dos 100 mil quilômetros rodados com facilidade. Porém, o estilo de condução do motorista e a realização de manutenções preventivas influenciam muito nesse tempo.
A revisão do conjunto de embreagem deve ser feita em uma oficina mecânica, pois é preciso desmontá-lo. Sinais como dificuldade de acoplamento (embreagem patinando), pedal duro, trepidações e ruídos ao acioná-lo ou soltá-lo são exemplos de indicativos da necessidade de manutenção.
Assim, aproveite a revisão do carro para pedir ao seu mecânico de confiança que dê uma olhada nas condições do conjunto. A troca de algumas peças — como rolamentos e cabo de acionamento —, a limpeza e a lubrificação do sistema normalmente bastam para deixar a embreagem como nova.
Porém, caso seja constatado um desgaste acentuado, o melhor é trocar o conjunto de disco e platô. Não vale a pena arriscar sair em uma viagem mais longa com a embreagem perto do fim de sua vida útil.
Reservatório e palhetas do limpador
O limpador de para-brisas é, muitas vezes, esquecido pelos motoristas, que só percebem sua importância quando pegam uma chuva muito forte, neblina ou geada, aspectos que comprometem sua visibilidade. E essas condições são recorrentes em estradas, principalmente em trechos de serra.
Portanto, para não ter problemas no trajeto e evitar uma situação de perigo, confira se as palhetas não estão ressecadas, se o reservatório tem água suficiente e se ambos estão funcionando corretamente.
A troca das palhetas é simples e pode ser feita por você mesmo. É só comprar o kit compatível com seu modelo e colocá-lo no lugar das antigas.
Freios
Não é nem preciso ressaltar a importância do sistema de freio para a segurança do seu carro, não é? Afinal, sua eficiência é que permite uma reação adequada aos imprevistos que podem surgir durante o trajeto. E, na estrada, onde as velocidades são maiores, os freios são ainda mais exigidos.
Nesse sentido, a revisão do conjunto deve ser feita por um profissional capacitado, que vai analisar a condição das pastilhas, pinças e disco, além de sapatas e tambores, se for o caso.
Mas você pode ajudar, ficando de olho no nível do fluido de freio. Com o tempo, ele acumula água em sua composição, fazendo com que suas características físicas mudem, o que reduz sua eficácia.
Por isso, o fluido precisa ser trocado periodicamente, de acordo com as recomendações da montadora presentes no manual do proprietário do veículo. Geralmente, essa indicação é para cada 10 mil quilômetros rodados ou 12 meses.
Suspensão
A suspensão também pode ser bastante forçada em uma viagem. Com a velocidade mais alta, o automóvel tende a ficar menos estável. Assim, a suspensão precisa estar em dia para poder mantê-lo equilibrado. Também será importante nas curvas, em manobras rápidas ou frenagens, evitando a perda de controle do motorista sobre o carro.
Via de regra, a manutenção preventiva da suspensão é realizada substituindo peças de desgaste, como batentes, coxins e vedações. Os cilindros, por exemplo, costumam durar em torno de 40 mil quilômetros. Mas prefira a troca se seu mecânico achar que eles já estão muito usados.
Estepe e ferramental
Antes de sair para uma viagem mais longa, confira também o estepe, observando as condições da borracha — se não há rachaduras, bolhas ou ressecamento avançado. Além disso, aproveite a ida ao posto de combustível para calibrá-lo.
E não se esqueça de verificar o ferramental de emergência, que deve ser composto de chave de rodas, macaco e triângulo de sinalização.
Luzes e faróis
Faça uma vistoria em todas as luzes e faróis do carro, conferindo se todos estão funcionando corretamente. Acione as três fases do farol dianteiro (lanterna, farol baixo e farol alto).
Use o manual do proprietário para conferir se os faróis estão regulados, seguindo as orientações da fabricante para o teste e a regulagem. Essa é uma medida importante para aumentar sua eficiência luminosa e evitar ofuscar a vista de motoristas que vem no sentido contrário.
Observe, também, se as luzes de sinalização estão funcionando. Para isso, basta acionar o pisca-alerta. Ainda, confira as luzes traseiras, de iluminação da placa (se houver) e as de acionamento dos freios. A dica é ter, pelo menos, uma lâmpada de cada no seu kit de ferramentas do porta-malas para trocá-las em uma eventual queima.
Terminais e rolamentos
Os terminais de direção e rolamentos de roda são itens importantíssimos para a estabilidade, a dirigibilidade e o conforto em viagens de carro. Leve seu automóvel ao mecânico para uma revisão nesses componentes.
Como recebem muitos impactos de buracos e outros obstáculos na pista, fora o esforço na rodagem e nas frenagens, são peças que, provavelmente, você precisará trocar. Se for o caso, não arrisque. É mais vantajoso gastar com o serviço de um mecânico capacitado e ter segurança do que sofrer um acidente por causa de alguns reais a mais.
Alinhamento e balanceamento de rodas
Por fim, faça o alinhamento e o balanceamento do seu veículo. São serviços que precisam ser feitos a cada 10 ou 15 mil quilômetros para manter a segurança, o conforto e a eficiência energética do seu automóvel.
O alinhamento é o ajuste das rodas dianteiras de modo que fiquem perfeitamente direcionadas para o sentido de marcha (para frente). Já o balanceamento é feito em todos os conjuntos de rodas e pneus. É a colocação de contrapesos para compensar desgastes irregulares, batidas ou quaisquer outras avarias que modifiquem a distribuição de peso do conjunto, fazendo o carro trepidar.
Como deu para perceber, a revisão para viagens longas é essencial para que você possa pegar a estrada com seu automóvel e aproveitar as férias em família ou com os amigos com tranquilidade. No entanto, por ser um serviço complexo, o melhor é levar o veículo com antecedência ao mecânico de sua confiança, evitando, assim, surpresas desagradáveis durante o trajeto.
Gostou de nossas dicas? Quer saber mais sobre revisões e manutenções para seu carro? Então, assine nossa newsletter e receba em primeira mão as novidades do nosso blog!
6 Comentários