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Sistemas de freio: conheças as principais diferenças entre eles

Quem vive o dia a dia de uma oficina sabe que cada automóvel tem sua particularidade, que pode variar conforme a marca, o modelo e o ano de fabricação do veículo. Por isso, é essencial que o profissional mecânico esteja sempre atualizado quanto às especificidades de cada carro, acompanhando de perto cada detalhe escondido sob o chassi.

Afinal, o objetivo final é sempre agradar o cliente, devolvendo o carro de volta às ruas com máxima eficiência e satisfação, não é mesmo?

Principal componente de segurança do veículo, o sistema de freio pode contar com inúmeras variáveis e surpresas para o colega mecânico, que deve ficar atento às especificações de cada automóvel.

Neste post, vamos apresentar os sistemas de freio mais comuns em veículos nacionais, suas vantagens e desvantagens e as principais diferenças entre eles. Está preparado? Então limpe a graxa, e mão na massa!

Freio a disco

Como funciona

Esse sistema de freio tem como elemento principal discos de ferro fundido ou cerâmica, ligados diretamente à roda do veículo. A frenagem é feita pelo contato das pastilhas de freio com o disco, que por sua vez provoca a desaceleração das rodas.

O disco de freio é acoplado ao eixo do carro, enquanto as pastilhas são conectadas às pinças ligadas à suspensão do automóvel.

O sistema é acionado pelo pedal do motorista, que bombeia o fluido de freio do cilindro mestre para os demais componentes de frenagem. Isso faz com que as pinças empurrem a pastilha em direção ao disco, provocando uma redução na velocidade de giro da roda.

Seu coeficiente de frenagem é linear, com atuação proporcional à força de frenagem aplicada ao pedal do freio.

Vantagens

  • Menores perdas mecânicas e deformação de peças;
  • melhor performance de frenagem, com menor distância de parada em comparação com freios a tambor;
  • dissipação térmica superior, em comparação com freios a tambor;
  • melhor resistência a altas temperaturas;
  • manutenção mais simples.

Desvantagens

  • Sujeito à contaminação por agentes externos, como poeira, lama e cascalho;
  • componentes mais caros, ocasionando maior custo de manutenção.

Que veículos utilizam

Todos os veículos de passeio utilizam o freio a disco no eixo dianteiro. Em automóveis sofisticados, esse sistema também é aplicado nas rodas do eixo traseiro.

Apesar de serem comuns na Europa, freios a disco ainda são pouco aplicados em veículos pesados no Brasil, devido ao alto custo do componente, mas está em crescimento, principalmente em ônibus urbanos.

Cuidados na manutenção

Ao realizar a manutenção desse componente, atente para desgastes nas buchas, parafusos e guias móveis por onde desliza o sistema. É importante verificar ainda se o disco está na espessura correta ou apresenta sinais de deformação (disco empenado).

Certifique-se de que a acoplagem das pastilhas ao disco esteja correta, uma vez que itens desgastados ou irregulares podem afetar a eficiência de frenagem do carro. É preciso verificar se o sistema está em perfeitas condições de uso e sem contaminações por agentes externos, que podem comprometer a ação de fricção dos componentes.

Freio a tambor

Como funciona

Substitui os discos por tambores ou “panelas” de freio acoplados ao interior da roda. Apesar de ser parecido com o freio a disco, seu acionamento em veículos leves é feito por meio de alavancagem, com o fluido hidráulico movimentando os calipers e as sapatas contra a parede interna do tambor.

A diferença primordial entre os sistemas a disco e tambor é o direcionamento da força aplicada à roda no momento da frenagem. Enquanto a força aplicada nos freios a disco é lateral, com a pressão de lonas paralelas à superfície, nos freios a tambor essa pressão é vertical, visto que as sapatas são pressionadas contra a superfície interior da panela.

No freio a tambor a eficiência de frenagem é exponencial, devido à maior superfície de contato entre as lonas e a panela. Ao aumentar a força exercida no pedal, multiplica-se a energia transferida para as rodas conectadas ao sistema.

Vantagens

  • Baixo custo de manutenção;
  • maior durabilidade e otimização dos componentes;
  • possibilidade de ajuste de sapatas ao tambor conforme o desgaste das lonas. Isso dobra a vida útil dos componentes do freio, exigindo menor número de trocas;
  • maior área de contato com a superfície de atrito, proporcionando torque superior de frenagem;
  • menos sujeito a contaminações de elementos externos, como terra, cascalho e pedregulhos.

Desvantagens

  • Menor estabilidade, dificultando ao motorista modular a eficiência de parada;
  • maior complexidade de componentes, tornando sua manutenção mais difícil;
  • menor dissipação de calor, por se tratar de um sistema fechado, e circulação limitada de ar;
  • sujeito ao acúmulo de contaminantes líquidos, como a água em seu interior.

Que veículos utilizam

Freios a tambor são comuns no eixo traseiro de veículos de passeio, máquinas agrícolas e veículos pesados também utilizam esse sistema.

Cuidados na manutenção

Atente sempre para a montagem e desmontagem do sistema na sequência correta, observando se os componentes móveis estão devidamente lubrificados.

É importante ainda avaliar o nível de desgaste do tambor, observando a relação entre o tambor e o tamanho da lona de freio. Ao verificar desgaste nas panelas, é necessário realizar a retificação para que elas fiquem lisas novamente, observando sempre a espessura mínima definida pelo fabricante.

Freio pneumático

Como funciona

Freios pneumáticos (ou a ar) trabalham a partir do sistema a tambor que acabamos de citar. Entretanto, seu acionamento se difere por substituir a pressão hidráulica pelo ar comprimido, no momento da frenagem.

O ar é armazenado em um compressor junto ao motor, em pressão que pode variar entre 2 e 11 bar. Ele é distribuído aos diferentes eixos do veículo por meio de mangueiras e válvulas, ativadas pelo pedal de freio. Uma vez acionada, a câmara de freio faz o deslocamento do eixo S (S-Cam), que por sua vez pressiona o caliper, as sapatas e as lonas contra o interior do tambor.

Essa pressão é controlada pela válvula reguladora, responsável por expelir o ar em excesso para a atmosfera.

Vantagens

  • Capaz de suportar altíssimas pressões de frenagem, com torques superiores a 40.0 Nm;
  • maior distribuição e segurança na frenagem em diferentes eixos, devido ao sistema de válvulas múltiplas;
  • dispensa a utilização do fluido de freio em seu funcionamento.

Desvantagens

Por serem mais complexos que seus pares hidráulicos, freios a ar têm um custo maior de instalação e manutenção.

Que veículos utilizam

Comerciais pesados, como ônibus, carretas e caminhões. Também são utilizados em meios de transporte industriais, como trens de carga.

Cuidados na manutenção

Além de todos os cuidados associados ao sistema de freio a tambor, freios a ar devem ser verificados quanto à integridade do compressor e seus componentes de distribuição. Observe todo o sistema de mangueiras, certificando-se de que não há vazamentos. Avalie se a câmara de ar está em perfeitas condições e se o regulador está acoplado corretamente.

Examine ainda o deslocamento do pressostato com o veículo parado. Se há vazamentos, a pressão tende a baixar, indicando possíveis falhas no freio. Uma inspeção visual do circuito também é essencial. Por fim, certifique-se de que os roletes e o eixo S não estão desgastados.

Freio ABS

Como funciona

O freio ABS (Anti-lock Braking System) é um sistema eletrônico de válvulas que evita o travamento de uma ou mais rodas. Ele conta com um sensor acoplado às rodas, que calcula a velocidade de rotação do sistema, em comparação com o motor.

A partir da leitura, é possível perceber se a roda está travando ou não. Caso isso ocorra, a pressão exercida sobre o componente é aliviada instantaneamente, sendo sentida pelo motorista por meio de trepidações no pedal de freio. Pode ser aplicado tanto em freios a disco quanto a tambor.

Vantagens

  • Redução da distância de parada, otimizando a relação de atrito entre o pneu e o solo;
  • em veículos com sistema hidráulico, o ABS possibilita uma simplificação do sistema, com a substituição das válvulas dos eixos por um sistema eletrônico central;
  • integração com outros sistemas eletrônicos do veículo, como o EBD (Electronic Brake Distribution) e o ESC (Electronic Stability Control).

Desvantagens

  • Custo relativamente elevado, resultando no aumento do valor final do automóvel;
  • calibragem e manutenção complexa em freios a tambor, por se tratar de um sistema com variações maiores de frenagem.

Que veículos utilizam

Todos os veículos produzidos no país a partir de 2014 contam com o ABS como item de série, conforme determinado pela Lei 11.910/09.

Cuidados na manutenção

Por ser um sistema mais complexo e, portanto, sujeito a complicações hidráulicas, é recomendado que o ABS passe por manutenções a cada 12 meses ou 10 mil km.

Atente para o diagnóstico eletrônico do sistema, tendo em vista sua integração aos demais componentes tecnológicos do veículo. É importante utilizar o scanner automotivo e software adequado a cada ABS, indicado pelo fabricante do automóvel.

Avalie ainda a integridade do sensor de rotação das rodas, ficando atento à presença de trincas ou sujeira.

Tenha cuidado redobrado ao realizar o processo de sangria do freio, evitando a entrada de ar no módulo hidráulico do ABS. O recomendado é que o procedimento seja realizado após o desligamento da central hidráulica do sistema.

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