Homem dirigindo automóvel

Junta homocinética: o que é preciso saber sobre essa peça?

A junta homocinética é uma daquelas peças que causaram uma verdadeira revolução na indústria automotiva. Sabia que, entre outros avanços, ela permitiu a adoção da tração dianteira, tão comum nos veículos até os dias de hoje?

A peça permanece como o principal mecanismo de transmissão da energia gerada pelo motor até as rodas. É fundamental entender seu funcionamento tanto para conseguir interpretar possíveis falhas no sistema de transmissão como para aumentar sua durabilidade.

Mas será que você já sabe tudo o que é preciso para realizar diagnósticos certeiros e reparos eficientes nesse componente? Se tem alguma dúvida a esse respeito, chegou ao post certo! Ao longo dos próximos tópicos, falaremos sobre como a junta homocinética funciona, quais são os tipos existentes, como fazer sua manutenção, além de outras informações igualmente relevantes. Fique de olho!

O funcionamento da junta homocinética

Ao virar o volante e fazer uma curva sem afetar o desempenho do veículo, muita gente nem se dá conta de que isso só é possível graças à junta homocinética! Afinal, é ela que faz com que a energia gerada pelo motor seja transferida para as rodas em diferentes situações.

Para que isso aconteça, as juntas ficam localizadas no cubo das rodas dianteiras, onde se conectam às extremidades do eixo de transmissão. Nos veículos com tração traseira, as juntas homocinéticas estão presentes nas 4 rodas.

Seu sistema de rolamento por esferas permite que o torque da transmissão seja transmitido para as rodas de maneira constante, independentemente do ângulo ou da movimentação vertical realizada. Assim, o veículo não perde tração na hora das curvas ou ao passar por trechos mais acidentados.

Além disso, ainda precisamos destacar que a junta homocinética também é considerada um importante item de segurança, já que garante a estabilidade do veículo quando está em movimento.

Os diferentes tipos de junta existentes

Nos veículos com tração dianteira, é possível encontrar 2 tipos de juntas: a fixa e a deslizante.

Juntas fixa e deslizante

A junta fixa faz a ligação entre o eixo da roda e o eixo homocinético. É ela que permite a transmissão de torque mesmo em ângulo. Com função semelhante, a junta deslizante fica localizada entre o eixo homocinético e o câmbio, sendo fundamental para que o sistema acompanhe os movimentos da suspensão.

Juntas VL e tripoide

Existem ainda tipos diferenciados de junta, como a VL, utilizada em veículos com tração traseira, e a tripoide, bastante empregada em veículos mais pesados.

Os componentes da junta homocinética

Rolamento

Um dos principais componentes da junta homocinética é o rolamento, que, como já vimos, é constituído por esferas. Essa característica confere uma maior capacidade de carga e segurança ao sistema. Nas peças fixas, as esferas correm em trilhas existentes dentro do eixo conduzido. Nas deslizantes, por sua vez, é a gaiola que contém os sulcos por onde as esferas correm.

Coifa protetora

Para impedir que os elementos deslizantes sejam contaminados por detritos como areia e água (o que aumentaria de maneira significativa o atrito), a coifa protetora entra como componente fundamental. Feita de borracha, ela envolve todos os demais elementos da junta, aumentando sua vida útil.

Eixo

Apesar de não serem exatamente componentes da junta homocinética, os eixos trabalham em conjunto com essa peça. Como seu estado pode influenciar diretamente a atuação das juntas, também é preciso ficar atento para as condições dos eixos ao avaliar um veículo em sua oficina.

Os possíveis sinais de desgaste

Uma das funções das juntas homocinéticas é garantir a velocidade uniforme dos veículos nas curvas. É exatamente nessa hora, portanto, que é possível notar um de seus sinais de desgaste mais comuns: barulhos de cliques.

Caso ouça sons de cliques vindos das rodas ao acelerar com o volante esterçado, pode ter certeza de que a junta fixa precisa ser trocada. É importante orientar seus clientes, avisando que esse reparo deve ser feito o quanto antes, a fim de prevenir danos em demais peças, como as da suspensão.

Nos casos em que o barulho é ouvido nas acelerações em linha reta, é preciso voltar a atenção para a junta deslizante. Quando a graxa é contaminada por detritos, acaba perdendo suas propriedades de modo a fazer com que o trabalho dos rolamentos produza tal ruído.

Se esses sinais forem negligenciados, além da possibilidade de uma reação em cadeia, a segurança do veículo ficará seriamente comprometida. Alerte seus clientes sobre a necessidade de fazer a manutenção logo nos primeiros sintomas, porque assim o conserto fica bem mais barato, além de ser mais simples e seguro.

Os cuidados preventivos

Até que efetivamente surja algum problema, a manutenção das juntas homocinéticas acaba sendo deixada de lado por muitos motoristas. Nem por isso, porém, os profissionais de reparação devem se descuidar! É preciso ficar sempre atento aos cuidados preventivos que podem ser tomados, orientando os clientes sobre tais práticas.

Para aumentar a vida útil das juntas, é importante evitar arrancadas bruscas no trânsito, assim como rodar com os pneus desalinhados ou com excesso de peso. Isso tudo contribui para que as peças se desgastem com mais rapidez. Fazer modificações na suspensão ou rebaixar o veículo também são práticas prejudiciais. Tais alterações influenciam no funcionamento do eixo homocinético, reduzindo o tempo de vida da junta deslizante.

Em geral, a junta homocinética apresenta uma excelente durabilidade, podendo rodar por até 50 mil quilômetros. No entanto, para garantir que ela esteja sempre em boas condições, o ideal é fazer revisões nesse componente a cada 10 mil quilômetros rodados — pelo menos.

O processo de manutenção

Ao receber veículos com suspeita de problemas nas juntas homocinéticas em sua oficina, é importante dar atenção especial a cada um de seus componentes.

Verifique se as coifas estão em bom estado e se há falhas em sua vedação. Analise também as condições dos eixos para detectar, se houver, a presença de fissuras ou de algum nível de empenamento. Nos rolamentos, o normal é que o centro seja a região que mais sofre desgaste. Se a deterioração estiver localizada em outra parte, é sinal de que o componente está desregulado e pode se danificar.

Quando a troca do componente for necessária, lembre-se de sempre optar por peças novas e de qualidade. Sem nenhum tipo de garantia, os produtos recondicionados expõem os clientes a grandes riscos no trânsito. Além disso, reforce a orientação de que a troca deve ser realizada em locais adequados, que disponham das ferramentas necessárias. O melhor é procurar um mecânico de confiança.

O que pode danificar a peça

Para começo de conversa, é importante salientar que os principais defeitos e eventuais falhas da junta homocinética podem ser evitados por meio das revisões preventivas. Antes de definir a frequência de manutenções, porém, é necessário avaliar as condições das vias por onde o carro transita, uma vez que esse componente é muito dependente da qualidade de vedação.

Para você entender melhor os fatores que causam problemas nesse sistema, listamos aqui algumas das situações que podem danificar a junta homocinética. Confira!

Aplicação do torque

Um fator que pode danificar a junta é o torque excessivo durante sua manutenção, ação que pode gerar fraturas na rosca e na região de entalhe. Para evitar esse problema, o melhor é utilizar um torquímetro para medir o valor ideal de aperto na porca de fixação no momento da troca.

Vedação da coifa

Outra causa comum de avaria na junta envolve falha na vedação da coifa. Quando esse componente apresenta um defeito que compromete sua função de proteger as partes do mecanismo de transmissão, a junta homocinética acaba ficando exposta a agentes externos. Assim, impurezas diversas conseguem penetrar na coifa, transformando a graxa em uma pasta abrasiva, o que gera grandes problemas para alguns elementos, como os rolamentos.

A má vedação da coifa pode estar ligada a um desgaste natural pelo uso ou até mesmo por falhas nos processos de manutenção. Por essas e outras, ao fazer a revisão dessa peça, é importante atenção máxima para o momento da montagem do sistema.

Defeito no eixo

Por estar diretamente conectado à junta homocinética, um eixo defeituoso pode resultar em problemas para todo o conjunto. Tais defeitos podem ser ocasionados por empenamento da peça, desgaste na área entalhada e falhas decorrentes de acidentes, sendo necessário efetuar a troca.

Nesse caso, é importante prestar atenção se há diferença entre o tamanho do eixo novo e do original de fábrica. Se for instalada uma peça com dimensões divergentes, ocorrerá uma descentralização das esferas do rolamento, provocando desequilíbrio de tensões e, consequentemente, diminuição da vida útil do conjunto. Além do mais, essa falha de geometria causa a quebra da gaiola, de anéis internos e de outros componentes da junta. É crucial, então, que o profissional reparador confira se a geometria da suspensão está correta antes de liberar o serviço.

Nível de lubrificação

A a graxa utilizada para esse sistema normalmente é composta de Bissulfeto de Molibdênio, que garante a funcionalidade lubrificante do composto em altas temperaturas e cargas elevadas. O ideal é aplicar 40 gramas na peça e 40 gramas na coifa. Se a junta trabalha com pouca quantidade de lubrificante ou se a qualidade desse item está comprometida, pode haver uma diminuição da vida útil de todo o conjunto.

Como você viu, os problemas mais comuns estão relacionados a falhas na vedação da coifa, o que acaba comprometendo a junta homocinética fixa. Nesse caso, é preciso efetuar a troca das peças para garantir o funcionamento adequado do conjunto. Outro problema recorrente é sinalizado por barulhos em arrancadas com o carro andando em linha reta. Nessa situação, o procedimento padrão é fazer a troca da junta homocinética deslizante. Ainda é preciso avaliar o estado do eixo: caso esteja empenado, pode causar desgaste prematuro em todo o sistema.

A durabilidade da peça

Por mais que a durabilidade da junta homocinética seja relativamente extensa, seu estado de conservação pode ser comprometido pelas condições de uso do veículo. O desgaste prematuro dessa peça pode estar relacionado a excesso de torque, trancos nas arrancadas ou desalinhamento do carro. Para evitar problemas maiores, o ideal é fazer revisões entre 5 e 10 mil quilômetros rodados.

Os cuidados na troca da junta

No momento de realizar a troca da junta homocinética, é preciso tomar certas precauções para não ter que lidar com problemas mais sérios no futuro. Conheça agora alguns cuidados que você deve ter ao realizar a substituição dessa peça!

Avalie o estado dos coxins

No momento de efetuar a reparação da junta homocinética, é preciso avaliar o estado de conservação dos coxins do motor, da suspensão e do câmbio. Afinal, seu desgaste pode gerar trancos nos mecanismos ligados ao motor e câmbio, comprometendo o funcionamento da junta. Além disso, vale lembrar que os coxins influenciam no alinhamento do automóvel. É bom, portanto, analisar atentamente essas peças na hora da manutenção.

Aplique o torque recomendado

Para não danificar a peça durante o procedimento de troca ou reparo, é mais que válido tomar alguns cuidados extras ao montar o conjunto. Como já abordamos, o torque excessivo pode causar sérios problemas para a junta fixa. Por isso, reforçamos a dica de usar um torquímetro para fazer os apertos. Dessa forma, você garante a troca eficiente do sistema, sem dores de cabeça.

Não reutilize a graxa ou a coifa

Ao fazerem a troca da junta homocinética, muitos mecânicos têm o hábito de aproveitar a graxa ou a coifa. Aí é que surge o problema, uma vez que essa atitude pode trazer prejuízos graves no futuro. Estamos falando, portanto, de uma falsa percepção de economia. Como nos kits de reparo desse conjunto normalmente já vêm incluídas graxa e coifas novas, é melhor fazer logo a substituição. A graxa usada pode, por exemplo, conter impurezas que diminuirão a vida útil do sistema.

Como viu por aqui, a junta homocinética tem grande importância para transmitir tração para as rodas, certo? É preciso cuidar direitinho dessa peça! Nesse sentido, é seu papel como profissional orientar os clientes a seguirem o calendário de manutenções preventivas a fim de manter esse conjunto funcionando bem por muito mais tempo, sem a necessidade de passar por reparações prematuras.

Por fim, agora que entendeu tudo sobre a junta homocinética, seus componentes, problemas e cuidados, aproveite para conferir também nosso post sobre a retífica do disco de freio!

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