Transformação de veículos: de um carro normal a um carro de corrida
O automobilismo é uma grande paixão dos brasileiros. No cenário esportivo, sobrenomes como Senna, Fittipaldi e Barrichello influenciaram muitas gerações ao longo dos anos. Por meio dos veículos de telecomunicação e também pelas arquibancadas, inúmeras pessoas testemunharam ídolos se transformarem em verdadeiras lendas. Sempre acompanhados de um item fundamental: o carro de corrida.
Para alguns, porém, a adrenalina de viver essa experiência como meros telespectadores não bastava. Acendeu-se aí a chama dos track days. E é esse gosto por velocidade que faz com que muitos motoristas optem por alterar seus automóveis na intenção de torná-los o mais próximo possível de carros de corrida.
Seja qual for sua história com o automobilismo, hoje você descobrirá um pouco mais a respeito da transformação veicular: de carro normal a carro de corrida. Mostraremos neste post o que é permitido e quais são as mudanças mais comuns. Além disso, vamos contar o que a legislação diz sobre o assunto e apontar algumas curiosidades sobre o tema. Ficou curioso? Então acompanhe agora mesmo os próximos tópicos!
O que é permitido na transformação de veículos?
Precisamos começar este post agradecendo a colaboração de Adilson Morari, proprietário da equipe Motortech Competições, da Stock Car Light, que compartilhou conosco seus conhecimentos sobre o assunto. Questionado sobre a pergunta que encabeça este tópico, Adilson afirma que, atualmente, as modificações são dificultadas por inúmeras etapas burocráticas. Segundo ele “hoje em dia, para instalar turbo no carro, você precisa ir ao Inmetro pedir autorização, fazer laudo e vistoria para colocar no documento que houve aumento de potência”. Ele também aponta que a pessoa precisa estar atenta à Unidade Federativa em que se encontra, já que cada estado tem suas regras. Além disso, Morari explica que até mesmo um procedimento comum, como o rebaixamento do veículo, demanda algumas etapas burocráticas. Isso porque “o Inmetro precisa aprovar a baixa do centro de gravidade”. Depois dessa breve introdução, você já está mais que ciente de que precisará passar por algumas solicitações a órgãos regulamentadores para transformar seu possante, certo? Pois então chegou a hora de conferir algumas das possibilidades de modificação automotiva, vamos lá?O que modificar para ter um carro de corrida?
- pneus: a largura não pode ultrapassar o limite do para-lamas;
- amortecedores: reduções de altura só são permitidas em modelos fixos;
- suspensões reguláveis: precisam do crivo do Inmetro e de vistoria do DETRAN;
- motor: mediante autorização dos órgãos competentes, qualquer modificação é permitida, sem limite máximo de ganho em potência;
- aerodinâmica: kits de saias, spoilers, aerofólios, demais adereços estéticos e aerodinâmicos não sofrem impedimento do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), sendo completamente livre a instalação de peças dessa espécie;
- freios: sem autorização, nenhuma modificação nos freios é aceita pela legislação brasileira.
Quais são as mudanças mais comuns?
Morari explica que as principais modificações nos carros para que sejam usados em corridas são a instalação de turbo e o rebaixamento. Segundo ele, “antigamente era comum mexer no motor sem colocar turbo, porque era caro, ganhando de 30% a 40% de potência na preparação”. Atualmente, porém, a realidade mudou bastante. Com o barateamento da tecnologia e o aumento da popularidade dos track days, todos querem turbinar. Afinal, “com turbo, você ganha 100%, 150% da potência original”. A segunda mudança mais corriqueira para esse propósito é o rebaixamento da suspensão. Com um centro de gravidade reduzido, o carro ganha mais estabilidade. Adilson conta que o rebaixamento é feito para melhorar a parte de suspensão. “O pessoal tenta deixar o carro mais no chão, contornando melhor as curvas”, explica. Mas atenção: embora essas mudanças sejam as mais comuns e importantes na preparação dos veículos para as pistas, não são as únicas no processo de transformação. Confira agora mesmo outras alterações bastante desejadas:- pneus: troca por modelos adequados ao cenário exigente do esforço causado em pista;
- freios: substituição por discos e pastilhas mais competentes, que deem conta de reduzir o carro com mais potência;
- transmissão: a alteração se torna necessária quando a potência do motor ultrapassa a resistência do seu kit de transmissão original.
O que a legislação diz sobre isso?
Morari resume brevemente a realidade imposta em nosso país: “basicamente, é necessário pedir autorização do Inmetro”. Na prática, trata-se de uma verdade um tanto quanto dolorosa para os interessados nas transformações. Isso porque cada modificação demanda pedido de aprovação aos órgãos regulamentadores. É preciso ter paciência. Além do mais, a recomendação é que você sempre peça autorização antes de realizar as modificações. Mas e quando a alteração já foi feita? Nesse caso, você corre o risco de ser penalizado. De toda forma, a boa notícia é que ainda é possível legalizar as mudanças. Para entrar nos conformes da legislação, você precisará:- reunir a documentação do veículo e levá-la ao DETRAN para fazer a solicitação de alteração — lembrando que podem existir taxas;
- levar o veículo a uma das oficinas certificadas pelo Inmetro;
- obtendo o crivo da perícia, retornar ao DETRAN para solicitar a numeração do Certificado de Segurança Veicular (CSV).