Mecânica de caminhão: esclareça agora suas principais dúvidas
Quanto maior o porte do veículo, mais sua manutenção merece atenção, pois maior é a complexidade de seu funcionamento. É o que se pode dizer da mecânica de caminhão. Em contrapartida, também se pode afirmar que, quanto mais o motorista ou proprietário da frota trafega, mais experiência e conhecimento ele conquista para saber como lidar com eventuais problemas que o veículo pode apresentar.
Nesse artigo vamos esclarecer as principais dúvidas sobre mecânica de caminhão e ajudar você, atuante na área, a conhecê-la cada vez melhor. Continue a leitura já!
Quais as particularidades da mecânica de caminhão?
Um dos critérios fundamentais para escolher o melhor caminhão para trabalhar é identificar sua capacidade máxima e seu tamanho. Essas características influenciam na potência do veículo, em sua manutenção e, claro, em sua mecânica também. Conheça a seguir alguns modelos e como eles se diferenciam.
Truck
Sua empresa costuma realizar fretes pesados e por uma longa distância? O modelo truck é especial para essa função. Ele conta com três eixos duplos, sendo dois desses traseiros e um dianteiro. Sua capacidade de carga é de até 14 toneladas. Quem conta com esse tipo em sua frota só precisa tomar um cuidado: algumas regiões têm restrição de horário para o tráfego deles.
Bitruck
Além do truck, tem o bitruck, que é como se fosse um truck 2.0, com uma capacidade 4x maior. Ele tem quatro eixos (dois na parte traseira e dois na dianteira), que ajudam a direcionar o veículo. Pode ser transformado em caminhão-tanque e suporta cargas de até 22 toneladas. Geralmente é utilizado para transporte de produtos a granel.
Caminhão semipesado
Com metade dos eixos do bitruck, o modelo semipesado, também conhecido como toco, pode carregar até 6 toneladas e tem cerca de 14 metros de comprimento. Trata-se de uma opção bastante popular para fazer frete de cargas, principalmente, nas grandes capitais e regiões metropolitanas.
VUC — Veículos Urbanos de Carga
Esse tipo de caminhão é mais indicado para curtas distâncias e cargas menores, especialmente quando o trajeto acontece nos limites do município. Ele mede 2,2 metros de largura por 6,3 metros de comprimento e suporta até 3 toneladas de carga. Sua facilidade para transitar livremente o tornou um dos modelos mais comuns nas grandes capitais.
Cavalo mecânico 4×2
Usado para reboque e semi-reboque, esse caminhão tem rodas de tração e um motor mais potente, com um engate pela carga, localizado na quinta roda. Sua capacidade de rampa o põe à frente de outros modelos, em especial para quem vai trafegar em estradas de terra.
Quais são os problemas mais comuns?
Falhas são previsíveis em qualquer veículo, mas sempre há algo que seu condutor possa fazer para preveni-la ou retardar sua ocorrência. Para quem utiliza o caminhão como meio de trabalho e sustento, é ainda mais essencial tomar cautela para não ser surpreendido no meio da estrada. Descubra a seguir os problemas mais corriqueiros na máquina do caminhoneiro.
Desgaste dos pneus
Transportando cargas tão pesadas — às vezes até acima de sua capacidade — é natural que os pneus sofram um desgaste considerável em pouco tempo. Embora isso dependa da frequência com que o veículo é usado e dos cuidados que seu proprietário tem com ele, é comum que os pneus sejam umas das partes que mais se desgastam.
É por isso que o motorista deve fazer a calibragem correta periodicamente. Quando isso não acontece, encontram-se fragmentos das rodas pela estrada, o que contribui para sua deterioração e podem deixá-lo na mão no meio de uma viagem. Outra medida é reduzir a velocidade nas curvas e procurar reduzir o choque com buracos ou obstáculos da via. Por fim, deve-se evitar o excesso de carga. Isso não prejudica só os pneus: sobrecarrega o veículo por completo.
Frenagem enfraquecida
O sistema de freios é um dos mais importantes de um veículo. Quanto melhor seu estado e funcionamento, mais chances seu condutor tem de escapar de uma situação adversa. No caso do caminhoneiro, além de preservar sua vida, preserva-se, ainda, a carga que está sendo levada.
Trata-se de uma das áreas que mais exige manutenção. O transporte de cargas pesadas compromete o sistema de frenagem aos poucos — e isso piora em meio a freadas bruscas ou contínuas. Sem o devido cuidado, as lonas e os tambores são oprimidos e têm uma vida útil mais curta.
Um dos momentos em que mais se exige dos freios é em descidas. O sistema precisa do dobro do esforço para conter não apenas o veículo, que já é bastante pesado, mas também sua carga, que geralmente passa de 2 toneladas. Por isso, o motorista precisa fazer uma revisão geral antes de qualquer viagem. Se for longa, o cuidado deve ser redobrado. É preciso, além da manutenção de caminhão, se possível, optar por estradas com menos declives e mais preservadas.
Falta de estabilidade
Outro problema que as estradas podem ocasionar no caminhão é a falta de estabilidade. Isso ocorre porque os buracos na via acabam por dificultar o trabalho da suspensão. Com o tempo, algumas das peças que compõem esse sistema vão se desgastando e prejudicando seu bom funcionamento. Isso é agravado pelas depressões na estrada. Partes como os amortecedores e feixes de molas podem ficar sobrecarregados e falhar.
Como esse desgaste é previsível e até compreensível, o que se pode fazer é zelar por essas peças através de revisões frequentes na mecânica de caminhão, e não sobrecarregar o veículo além do necessário. Uma vez que a máquina seja analisada com regularidade, diminui o risco de ocorrências durante uma viagem.
Motor fraco
Sem um motor eficiente, é provável que o frete precise ser interrompido. Essa situação pode causar problemas tanto para o fornecedor quanto para o próprio motorista, pois atrasa o serviço e reduz seus honorários. Antes de pegar a estrada, é imprescindível verificar a injeção de combustível, o nível de torque, a partida etc. Se alguma falha for detectada já nesse momento, impede-se até o consumo excessivo de combustível, o travamento do motor e outras adversidades. Portanto, não abra mão da manutenção preventiva!
Iluminação ineficiente
Quem trafega à noite entende a grande necessidade de contar com um bom sistema de luzes. Os obstáculos na via costumam causar falhas nele — e isso é agravado pelo tempo e uso. Isso alerta para a ocorrência de acidentes, que naturalmente se tornam mais previsíveis, e até para multas para o condutor, visto que há leis regulando o nível de iluminação do caminhão.
A dica para os motoristas é que, sempre que virem diante de uma estrada mais delicada (ou quando já conhecem o trajeto a percorrer), chequem o funcionamento do sistema de luzes. Assim, evitam-se riscos de vida e também financeiros.
Rigidez nas marchas
Está tendo problema para passar a marcha enquanto dirige? Está notando ela mais dura ou difícil de encaixar? Procure um mecânico imediatamente! Caso contrário, pode acabar sendo surpreendido no meio da estrada. Provavelmente se trata de um desgaste na embreagem, o que inviabiliza a troca correta de uma marcha para outra. Também pode ser o sincronizador, que é a peça responsável pelo encaixe delas.
Presença de fumaça
Os motores a diesel apresentam uma vantagem: a cor da fumaça que eles liberam pode ajudar a identificar um problema. Por exemplo: quando a máquina é mais antiga, a fumaça costuma ser mais puxada para o cinza, já as mais recentes não costumam apresentar coloração alguma.
Se a cor for muito escura, é possível que o sistema de injeção ou de escape esteja com alguma falha. Se for mais clara, pode ser que o combustível não esteja sendo queimado ou simplesmente a presença de água, mais comum quando ocorre a variação da temperatura ambiente.
Por fim, caso a fumaça apresente um tom azulado, atente ao óleo lubrificante, que pode estar sendo queimado em excesso. Na hora de verificá-lo, aproveite para dar uma olhada no motor também, pois algumas de suas peças, como os pistões e os anéis, podem estar precisando de ajuda também.
Por que é importante fazer a manutenção?
A frase “prevenir é melhor que remediar” é muito bem aplicada quando se refere a manutenção preventiva de caminhões. Quando não há esse cuidado, as manutenções corretivas geram um grande prejuízo que nem sempre compensa realizar, o que pode ocasionar uma dor de cabeça ainda maior para seu proprietário.
Para quem tem sua própria frota, fazer a manutenção dos seus veículos ajuda a economizar tempo, evitando que seus fretes atrasem e sua credibilidade no mercado seja reduzida, e a ganhar dinheiro, pois o contrário também acontece: realizando os serviços em tempo hábil, a confiança dos clientes cresce e sua reputação só melhora. Além disso, preserva sua frota e facilita a vida dos seus motoristas. Confira mais algumas vantagens dessa prática abaixo.
É mais econômico
Alguns donos de frota ou mesmo caminhoneiros evitam a manutenção de seus caminhões, porque desconhecem o valor do serviço e acreditam que será uma alta despesa — mas esquecem que, diante de uma falha no veículo, a tendência é desembolsar uma quantia ainda maior.
A verdade é que realizar manutenções preventivas periódicas sai mais barato. Um exemplo simples é o óleo: o condutor gasta menos trocando-o regularmente do que na necessidade de retificar o motor. Quando a manutenção acontece com a frequência recomendada, diversos problemas são evitados ou interrompidos antes de uma situação mais grave.
É mais seguro
De acordo com o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, entre 2002 e 2018, ocorreram mais de 500 mil acidentes de trabalho em razão de defeitos em máquinas e equipamentos. Desses, quase 30 mil foram fatais ou com danos físicos irreversíveis.
Isso significa que, ao deixar de fazer manutenção, você pode estar colocando a vida de seus funcionários em risco. Só a possibilidade de mantê-los afastados já representa um risco considerável para a empresa: perdê-los seria um risco ainda maior e irreversível. O estado de conservação dos veículos é decisivo para evitar acidentes. Quando isso é negligenciado, os riscos e prejuízos são previstos.
É mais vantajoso
Assim como cuidar de um carro pode ajudar seu dono a vendê-lo por um preço mais atrativo no futuro, a mesma lógica atende a um proprietário de frota ou caminhão. Cuidar dos seus veículos só vai lhe favorecer na hora de trocá-lo ou realizar sua venda. A manutenção proporciona uma vida útil maior para as peças e sistemas de um caminhão, tornando-o mais valioso e desejado no mercado.
Quais são os sinais de mau funcionamento?
Um veículo é como um bebê: é preciso observar como ele se comporta para entender o que ele está precisando. Assim como a criança chora por querer comida ou estar com sono, um caminhão dá indícios de quando um de seus sistemas está falhando e precisa de reparos.
Um deles, como já foi abordado em um dos tópicos anteriores, é quando é liberada fumaça. Nem sempre dá para identificar a cor de imediato, então, o ideal é parar no posto de combustível mais próximo e analisar o que pode estar acontecendo. Além disso, o caminhoneiro pode se deparar com as seguintes situações.
- freios com ruído: barulho na frenagem pode ser sinal de problemas! É possível que a lona de freio esteja no limite ou haja um desgaste nas pastilhas… Há uma série de possibilidades. Por isso, procure um mecânico para lhe dar uma luz e diagnóstico;
- limagem no óleo: quando o óleo é trocado, é preciso observar atentamente sua coloração e textura. Devido à quantidade de ímãs no motor, é possível que os resíduos se misturem e acabem causando algum problema mais grave;
- desgaste dos pneus: sabe-se que o desgaste dos pneus é previsível em qualquer veículo, mas quando ele acontece rapidamente, é necessário investigar a causa. O caminhão está trabalhando com carga excessiva? Como está o alinhamento e balanceamento? É recomendado fazer essa verificação antes da próxima viagem;
- perda de força: se o motorista notar que o veículo está apresentando dificuldade para pegar ou fazer seu trabalho com tranquilidade, é hora de levá-lo a uma oficina de confiança. Essa situação pode representar alguma falha nos filtros de ar, na mangueira do intercooler, nas unidades injetoras etc.
Quais são as dúvidas mais comuns?
Em relação a mecânica de caminhão, algumas dúvidas são bastante frequentes e conhecer essas respostas pode lhe ajudar a antecipar ou solucionar um problema e, ainda, facilitar o trabalho do mecânico, quando seu trabalho for indispensável. Conheça algumas delas nos tópicos a seguir.
Aquecer o caminhão é necessário?
Não mais. A tecnologia do setor automotivo foi uma das que mais se aprimorou com o passar dos anos e hoje, com a invenção da injeção eletrônica, não é mais necessário aquecer o caminhão: isso acontece naturalmente com o início de seu movimento.
Deixar o caminhão em ponto morto economiza combustível?
Na verdade, acontece o contrário. Trafegar desengrenado aumenta o consumo de combustível, pois os bicos injetores continuam liberando-o para que o motor gire. O que ajuda a economizar é usar o freio motor em declives. Quando o sistema detecta sua utilização, ele reduz o consumo e ainda preserva as peças do caminhão.
Pode remover a válvula termostática?
Não é necessário. Removê-la vai prejudicar o funcionamento do sistema de arrefecimento, que pode ser reduzido pela metade, já que a válvula é quem controla o fluxo de líquido dele.
Pode usar aditivo no sistema de arrefecimento?
Sim, e essa prática é bem-vinda. Além de diminuir o aquecimento nessa região, dá para diminuir a corrosão, ou seja, a ferrugem. Isso porque o produto promove a transformação das propriedades da água, prolongando os intervalos de vaporização ou congelamento.
Quais são os mitos sobre mecânica de caminhão?
Como em toda profissão, há mitos propagados sobre a mecânica do caminhão. É imprescindível que o caminhoneiro saiba o que é verdade e o que é apenas uma falácia que passou de geração em geração. Isso pode ajudá-lo a evitar falhas no automóvel e até prolongar sua vida útil. Entenda mais a seguir.
Passar óleo no chassi ajuda a preservá-lo
Um dos mitos mais comuns é o de que passar óleo no chassi evita sua corrosão. Na verdade, o que acontece é o contrário, pois aumenta o acúmulo de resíduos no local, e isso, sim, pode ocasionar falha nos componentes. A boa notícia é que a própria tinta do chassi já tem ação anticorrosiva, o que dispensa o uso de outros produtos com essa finalidade.
Não há hora certa para calibrar os pneus
O motorista só pode realizar a calibragem dos pneus quando eles estiverem frios. Por isso, não se recomenda fazer com pressa, mesmo em situações urgentes. A recomendação se deve a mudança de temperatura quando há o atrito deles com o solo, que leva a sua expansão — e isso modifica a pressão na hora de calibrar. Portanto, para evitar que se coloque menos ar que o necessário, é preferível esperar que esfriem para a calibragem.
Não precisa seguir as recomendações do fabricante
Seguir a recomendação do fabricante é o meio mais seguro de preservar o veículo, saber como identificar um possível problema e ajudar um mecânico a consertá-lo. Em outras palavras, o barato pode sair (muito) caro quando há o descumprimento dessas indicações.
Usar as peças recomendadas e de qualidade, como as da Fras-le, faz diferença, sim, e pode prolongar a vida útil do caminhão visto que seu fabricante é a pessoa com maior expertise sobre seu funcionamento.
Quais as consequências de não fazer manutenção?
Abrir mão de um caminhão bem cuidado é deixar a porta para imprevistos. A seguir destacamos quais são as principais consequências que a falta de manutenção pode ocasionar para um veículo.
Paradas frequentes
Em uma época que o preço do combustível não para de subir e as estradas estão em condições cada vez mais difíceis de trafegar, as paradas representam um prejuízo ainda maior, principalmente quando são causadas por falhas no veículo e, além do atraso no frete, causam um grande estrago no bolso e na reputação do dono da frota ou caminhoneiro. Quando o dono do caminhão tem o hábito de levá-lo à oficina e mantém sua manutenção em dia, episódios como esse são mais raros.
Aumento de custos com manutenção corretiva
Quanto mais se usa o caminhão, maior é sua necessidade de manutenção, visto que é muito exigido da máquina, o que facilmente leva seus componentes à exaustão. Se o veículo não passa por análises periódicas, ou seja, se um mecânico não verifica seu estado e investiga eventuais problemas, é provável que, quando eles finalmente aparecerem, estarão como uma metástase — acontecendo simultaneamente em vários sistemas e podendo levá-lo à perda total.
Apesar de parecer que se tem mais despesas fazendo manutenção regularmente, a realidade é que se gasta muito mais quando há necessidade de conserto. Vale a pena pensar nisso antes de pular a próxima revisão.
Diminuição da vida útil do veículo
A frequência de manutenções reativas ou corretivas vai diminuindo a vida útil do caminhão. Aos poucos ele vai perdendo valor no mercado e aumentando os custos de manutenção para seu proprietário. Isso significa que, quando ele desejar se desfazer do automóvel para comprar outro, vai precisar colocar um preço abaixo do que espera.
Risco maior de acidentes
Você sabia que o risco de acidentes é triplicado pela falta de manutenção? Essa informação foi obtida pelo Instituto Scaringella Trânsito, que também identificou que 80% dos veículos que rodam pelo país apresentam alguma falha, como pneu careca e irregularidades no motor.
A gravidade desse dado reforça a importância de estar sempre atento à forma que seu veículo trafega nas ruas, pois ele pode representar riscos para você e para os outros. É cuidando de seu veículo que ele vai lhe proteger de perigos como esse. Lembre-se que a vida das pessoas no trânsito — assim como a sua — devem ser uma prioridade. Os gastos com manutenção preventiva devem levar esse cuidado em conta.
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