Sistema de transmissão automotiva: o que é e como funciona?
Entender o funcionamento do seu carro é fundamental para saber quando alguma coisa não vai bem e para garantir que nenhuma oficina mecânica engane você. Além disso, ter o conhecimento necessário permite que você saiba quais são os hábitos corretos que devem ser postos em prática para prolongar a vida útil do veículo. Por esses motivos, conhecer os sistemas do seu veículo — sobretudo o sistema de transmissão automotiva — é tão importante.
O sistema de transmissão automotiva é responsável por possibilitar o deslocamento do veículo. Trata-se de um conjunto de peças que atuam em sincronia, a fim de garantir que o carro mantenha a desenvoltura e a agilidade em qualquer situação. Pouco se fala dessa função, tendo como consequência a falta de informação e o aumento de problemas nesse sistema.
Sabendo disso, preparamos este artigo com o objetivo de mostrar como funciona e para que serve o sistema de transmissão. Continue a leitura e fique por dentro do assunto!
O que é o sistema de transmissão automotiva?
Independentemente de ser de câmbio manual ou automático, o sistema de transmissão automotiva se refere ao conjunto de engrenagens, polias e eixos que serão responsáveis por levar energia do motor para as rodas do carro, a fim de promover o seu deslocamento.
Em outras palavras, a transmissão garante que o motor mantenha seu funcionamento dentro de uma certa rotação por minuto, ao mesmo tempo em que utiliza a energia fornecida por ele para manter as rodas girando.
Nesse caso, cada veículo tem um intervalo de rotação diferente, de modo que a transmissão precisa ser sintonizada especificamente para cada modelo. Isso significa que o arranjo da transmissão e o local onde é instalado leva em consideração se o carro é de tração traseira, integral ou dianteira.
Além disso, a marcha exerce um papel importante nesse sistema, pois ela é responsável por determinar qual é o raio de rotação que o motor deve operar em relação às rodas. Essa ação determina se o veículo vai ter mais força ou mais velocidade.
Vamos facilitar a compreensão?
Para você entender melhor como funciona na prática, basta imaginar o mecanismo de uma bicicleta.
Ela precisa ter rodas, marchas e um sistema de engrenagem para poder andar, certo? Para se deslocar, é preciso que você aplique uma força sobre ela por meio da pedalada. Assim, quando você altera a marcha, consequentemente altera o esforço que está sendo aplicado.
Ao posicionar a coroa (localizada na frente) na marcha menor e na catraca (na parte de trás da bicicleta) na maior, você precisa pedalar mais para percorrer uma distância menor. Ou seja, fazer mais força. Com os carros não é diferente: o movimento de pedalar se compara à força fornecida pelo motor. Dessa forma, quando você coloca na primeira marcha, por exemplo, o seu carro tem mais força, mas não vai percorrer uma distância longa.
De que forma o sistema de transmissão automotiva funciona?
Por se tratar de um sistema, ele atua em diferentes momentos do funcionamento do veículo, que vai da partida do motor até o seu deslocamento. Por esse motivo, o sistema de transmissão deve conter:
- um dispositivo para possibilitar a partida do motor;
- torque e rotação com capacidade para suportar qualquer carga imposta ao veículo durante seu deslocamento;
- capacidade de manter o veículo parado, mesmo quando o motor está em funcionamento;
- faixa de rotação ideal para que os níveis de consumo de combustível e emissão de poluentes sejam aceitáveis.
Nesse caso, a potência e o torque produzidos pelo motor são transferidos pelo volante do motor. Para que isso aconteça, é necessário que outras peças entrem em ação — capazes de receber essa força e enviá-la para as rodas motrizes. O sistema de transmissão realiza essa ação por meio da fricção causada entre o volante do motor e o disco de embreagem.
Em seguida, reduz ou multiplica a força exercida por meio das engrenagens, com o objetivo de alterar para 90° a direção do torque. Nessa etapa, o torque sofre sua última redução e recebe as devidas variações de rotação, para enfim ser enviado às rodas.
Vale lembrar que as rodas motrizes são peças responsáveis por receber a força originária da caixa de marchas e enviá-la pelo diferencial por meio dos semieixos. Em razão disso, a definição das rodas motrizes acontece com base na carga e na finalidade do carro.
A união do motor com o sistema de transmissão é chamada de trem de força (ou Powertrain), e ele pode ser instalado na traseira ou na dianteira do carro. No primeiro caso, o envio da força é feito pelo eixo cardã; no segundo, são utilizados apenas semieixos.
Quais são os tipos de transmissão disponíveis no mercado?
Atualmente, o mercado automobilístico tem disponibilizado diferentes tipos de transmissão. Há alguns anos, o único modelo disponível era o sistema manual, composto por 3 pedais e 6 posições de marcha. Hoje, o consumidor pode escolher entre as opções de câmbio manual, automatizado, automático e automático CVT. Confira as características de cada um deles!
Transmissão manual
O sistema de transmissão manual é o modelo tradicional, composto por embreagem e caixa de marchas, que conta com 5 variações de velocidades e 1 ré. Para que a troca seja feita de maneira suave, a seleção de marchas acontece manualmente, após o acionamento do pedal da embreagem.
O controle do sistema é feito pelo pedal de embreagem, que é acionado por meio de um cabo ou de um atuador hidráulico e pela alavanca de câmbio, que é ligada a uma haste de acionamento. Essa haste aciona as luvas, localizadas na caixa de marchas, e engrena as marchas selecionadas.
Há alguns anos, os sistemas de transmissão manual apresentavam muitas dificuldades para mudar as marchas por causa da velocidade do motor e do câmbio, que precisavam estar sincronizados. Atualmente, esse fator deixou de ser um problema porque foi desenvolvido o sincronizador, uma peça que coordena a caixa de marchas e a velocidade do motor.
Transmissão automatizada
Apesar de funcionar com os mesmos componentes do sistema de transmissão manual, o câmbio automatizado permite que toda a operação — como trocar de marcha e acionar a embreagem — seja feita por um sistema eletrônico de atuadores. Estes, por sua vez, são um conjunto de eletroválvulas e bombas hidráulicas controladas por uma ECU (Engine Control Unit, ou mais conhecida como módulo de injeção), a qual recebe informações referentes a:
- pressão do óleo (da caixa);
- velocidade;
- posição da alavanca de câmbio;
- rotação da árvore primária;
- porta do motorista;
- interruptor de freio.
A partir dessas informações, a ECU controla as eletroválvulas que levam o óleo para a caixa de marcha e para os atuadores de embreagem, substituindo o trabalho manual.
Umas das vantagens desse sistema é a sua economia, pois os gastos com a aquisição e com as manutenções costumam ser menores, já que o mercado está repleto de opções de peças e mão de obra qualificada.
Transmissão automática
A transmissão automatizada e a automática exercem a mesma função e realizam o processo de troca de marcha de forma independente. O que difere uma da outra é que o sistema de transmissão automática trabalha sob carga, por isso não interrompe a propulsão do veículo no momento da troca.
Nesse sentido, a transmissão automática funciona com componentes específicos para esse modelo. Ele é formado por dispositivos hidráulicos, módulo eletrônico e um conversor de torque que substitui a embreagem do modelo tradicional.
Nesse sistema, o conversor de torque permite que a troca de marcha seja feita de maneira quase imperceptível. Além disso, essa peça serve para interligar o motor ao câmbio, de modo que o torque seja transmitido por meio de um óleo específico que o transfere da bomba para a turbina até chegar na caixa de mudanças. Essas ações são realizadas por meio dos atuadores hidráulicos, comandados por uma ECU própria.
Por esse motivo, quando o motor está no giro mínimo, a pressão do óleo é reduzida e o carro consegue ficar parado por conta de uma leve pressão no freio. Tudo isso garante que as trocas de marchas ocorram de maneira suave, proporcionando mais conforto e liberdade para o condutor do veículo.
Transmissão automática CVT
CVT é a sigla para a expressão em inglês Continuously Variable Transmission, que significa transmissão continuamente variável. Isso significa que não existe número de marchas determinado, por isso essa transmissão dispõe de diversas possibilidades.
Esse modelo de câmbio tem como principal característica o funcionamento mais suave, quando comparado aos demais. Isso acontece porque o sistema de transmissão automática CVT tem a capacidade de manter a rotação contínua durante o deslocamento do veículo, fazendo com que o motor não sofra interrupção em sua propulsão.
Para isso, seu funcionamento acontece de forma diferente dos demais modelos: no lugar da engrenagem são colocadas duas polias de diâmetro variável, que vão determinar se as rodas vão ter mais força ou mais velocidade de acordo com a relação de tamanho entre elas.
Além disso, o sistema de transmissão automático CVT apresenta basicamente duas variações: o sistema de polia variável e o sistema de toroidal. Lembrando que, assim como a transmissão automática, esse modelo também conta com um comando eletro-hidráulico da caixa de marchas e conversor de torque.
De maneira geral, as principais diferenças entre esses sistemas são as seguintes.
Número de marchas:
- manual e automatizado — 5, na maioria dos veículos;
- automático — 5 ou mais;
- CVT — não tem número de marchas fixo.
Embreagem:
- manual — acionada por pedal;
- automatizado — acionada por meio dos atuadores hidráulicos;
- automático — utiliza o conversor de torque como substituto da embreagem;
- CVT — também faz uso do conversor de torque.
Tipo de engrenagem no câmbio:
- manual e automatizado — a engrenagem tem dentes helicoidais;
- automático — utiliza o modelo de engrenagem planetária;
- CVT — tem duas polias de diâmetro variável no lugar da engrenagem.
Quais são os componentes de um sistema de transmissão de veículo?
O sistema de transmissão automotiva é composto por vários componentes, e cada um exerce uma função diferente. Saber mais sobre eles é fundamental para entender como todos funcionam em conjunto e quais são os problemas que podem surgir com o desgaste. Veja só!
Embreagem
O primeiro componente do sistema de transmissão é a embreagem. Sua função é interromper por um instante a comunicação entre o motor e as rodas, para que seja possível realizar a troca de marcha com o carro em movimento.
Para facilitar o entendimento de como a embreagem funciona na prática, podemos comparar esse componente a dois discos sendo pressionado um contra outro. Desta forma, um está ligado ao motor e o outro permanece em contato com os demais componentes, que são responsáveis por levar o torque do motor às rodas.
Nesse caso, a interrupção do contato entre os dois discos acontece quando o pedal da embreagem é pressionado, afastando um disco do outro. Essa ação permite que seja feita a troca de marchas sem dificuldade.
Quando o pedal deixa de ser pressionado, os discos voltam para a sua posição anterior, fazendo com que as rodas recebam a energia do motor. Em alguns carros, esse processo é feito com assistência hidráulica, por isso o movimento do pedal se torna mais macio e as trocas de marcha são ainda mais suaves.
Conversor de torque
O conversor de torque é também conhecido como embreagem hidráulica ou conversor hidrodinâmico de torque. Ele é utilizado em veículos que contam com a transmissão automática para substituir a embreagem. Nesse caso, sua principal função é desconectar o motor do câmbio quando o carro não está em movimento, a fim de impedir que ele morra.
Caixa de câmbio
Localizada logo após a embreagem ou o conversor de torque, dependendo do tipo de transmissão, a caixa de câmbio é o local onde ficam as embreagens, as polias responsáveis pelas marchas do veículo e a alavanca de câmbio para carros com transmissão manual.
Esse componente é responsável por alternar a relação entre o torque (força) e a velocidade transferida para as rodas. Nesse caso, quanto menor for a velocidade gerada na saída da caixa de câmbio, maior será a força transferida para as rodas.
Além disso, esse componente é responsável por mudar o sentido da rotação que vem do motor no momento em que a marcha à ré é engatada.
Diferencial
O diferencial é considerado uma das partes mais complexas e importantes da transmissão. Isso porque trata-se de um conjunto de engrenagens responsáveis por dividir a potência do motor entre as rodas, além de garantir que durante as curvas elas girem em velocidades diferentes.
Por isso, o controle da distribuição da potência do motor para as rodas é feito a todo instante para que essa divisão, principalmente durante as curvas, aconteça de forma desigual, a fim de proporcionar mais estabilidade ao carro.
Em alguns carros com tração nas quatro rodas, é incluído outro componente, conhecido como bloqueio do diferencial, cuja função é distribuir a força gerada pelo motor para as rodas de forma igual, fazendo com que a velocidade com que elas giram seja igual também.
Nos veículos com tração dianteira, o diferencial é incluído na caixa de câmbio. Nos carros com tração e motor dianteiro, esse componente é instalado na parte de trás do veículo.
Semieixo
Localizado logo após o diferencial, o semieixo nada mais é do que uma barra metálica com duas pontas articuladas por meio de juntas homocinéticas. Sendo a última etapa do sistema de transmissão, esse componente é responsável por transmitir o movimento que vem do diferencial para as rodas do veículo. Nesse caso, quando a tração é dianteira, usa-se um semieixo homocinético em cada roda. Nos veículos com tração traseira, são usados semieixos rígidos.
Eixo cardã
O eixo cardã é o componente utilizado para estabelecer a conexão entre a caixa de câmbio e o diferencial, por isso tem o formato de um tubo metálico com forquilhas nas extremidades. Um dessas pontas é ligada à saída da caixa de câmbio, enquanto a outra é ligada ao diferencial. Por esse motivo, o eixo cardã é utilizado em carros com tração nas quatro rodas e em veículos com tração traseira e motor na parte da frente.
Qual é a importância da manutenção no sistema de transmissão?
Até aqui, deu para perceber que o sistema de transmissão automotiva é ligado em diversas partes do motor, como os chassis, o sistema eletrônico e o de refrigeração. Além disso, o sistema de marcha é formado a partir da junção de várias peças pequenas, como engrenagens, freios, transportadores, polias e, dependendo do tipo, podem ter circuitos elétricos, hidráulicos e bombas.
Sendo assim, é normal que qualquer uma dessas peças apresente alguma falha no decorrer do tempo. Quando alguma dessas interligações apresentar irregularidade, certamente todo sistema de transmissão vai ser comprometido.
Lembrando que existem alguns hábitos de direção que também afetam o bom funcionamento do sistema de transmissão. Uma das dicas é conferir regulamente a temperatura do veículo, por meio do sensor de temperatura do motor.
Além disso, para reduzir a chance de ocorrer algum problema é importante manter a relação tempo-quilometragem do veículo baixa e realizar as trocas de marcha de forma correta. Essa ação garante que o sistema de transmissão dure tanto quanto o carro.
Vale ressaltar que as montadoras também são outro fator que pesa bastante na decisão. Algumas delas são exemplos de confiabilidade, enquanto outras nem tanto. E a atenção precisa se manter no momento de fazer uma avaliação ou a manutenção de um carro usado. Por isso, é de suma importância verificar se a oficina dispõe de certificados de qualidades.
Hoje em dia existem alguns tipos de transmissão que foram modificados para um funcionamento superior e eficiente. Nesse sentido, é possível fazer atualizações no regulador de pressão, cuja a função é facilitar a adaptação do sistema a diferentes tipos de condução, no corpo de válvulas, a fim de aumentarem a durabilidade do sistema.
Quando realizar a manutenção?
De forma geral, é recomendado que a cada 20 ou 30 mil quilômetros rodados o condutor do veículo faça a troca do óleo e do filtro da transmissão. Outra recomendação que deve ser levada a sério é a limpeza de todo o sistema de transmissão, entre os 40 e os 60 mil quilômetros rodados.
Nesse caso, é preciso verificar se o radiador, o conversor de torque e o sistema de arrefecimento foram devidamente limpos. Por fim, é importante que a cada 60 ou 80 mil quilômetros seja feito o ajuste do sistema de transmissão.
Vale ressaltar que durante essas manutenções é preciso realizar a troca do óleo lubrificante, pois ele é o que mantém as peças em boas condições. Tendo em vista que o sistema é de engrenagens, ele evita que as peças se desgastem mais do que o necessário. Manter esses cuidados pode pesar um pouco no bolso, mas é mais econômico realizar essas manutenções do que trocar todo o sistema.
Como a tecnologia tem transformado o sistema de transmissão dos veículos?
Basta olharmos ao redor para percebemos que a tecnologia está presente em tudo. Por esse motivo, o mercado automobilístico tem buscado nos últimos anos soluções cada vez mais inovadoras, que proporcionam mais eficiência, conforto, segurança e estabilidade aos condutores de veículos.
Diante disso, é possível perceber que o sistema de transmissão automotivo sofreu e tem sofrido diversas mudanças ao longo dos anos. Isso tudo com o objetivo de atender às necessidades e exigências dos consumidores atuais. Como parte importante desse processo, é essencial que você acompanhe a realização dessas mudanças.
Além de estar por dentro do assunto e adquirir conhecimento na área, quando você se dispõe a acompanhar as mudanças que acontecem nesse mercado, dificilmente um mecânico desonesto consegue passar você para trás. Saber escolher o modelo de veículo que mais vai atender às suas necessidades e, sobretudo, a identificar quando algo não está bem são ótimas vantagens que esse conhecimento proporciona.
Com base nessas informações, fica clara a importância que o sistema de transmissão automotiva tem para o bom desempenho do carro. Além disso, entender o funcionamento do seu veículo não só vai ajudar você a escolher o modelo ideal, como vai evitar que surjam problemas de funcionamento por falta de cuidado. Caso o carro precise de uma revisão, fica mais fácil identificar onde está o erro.
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